Nesses dias quentes está difícil achar sombra e água fresca. A temperatura aqui no litoral tem ficado na faixa dos 40 graus!
- Sr. Pesquisador, isso é o aquecimento global?
O mundo científico ainda não pode afirmar que sim, porém alguns estudos com modelos matemáticos estão ajudando a antever os futuros efeitos do aquecimento global no país. Funciona assim: os pesquisadores reúnem as condições ambientais essenciais para cada espécie, e simulam o que pode acontecer com o clima em diferentes cenários de concentração de gases na atmosfera. Com base nos resultados de estudos desse tipo, poderão ser sugeridas áreas de preservação capazes de sustentar populações de determindas espécies. Assim, não adianta escolher uma área de floresta a ser protegida se ela tiver poucas chances de, no futuro, abrigar a diversidade biológica que se deseja manter. "As unidades de conservação atuais podem não servir para preservar as espécies", alerta o ecólogo da Universidade Federal de Goiás, Paulo de Marco Júnior.
- Mas o que isso tem a ver com as aves?
Um estudo da Universidade de Brasília, liderado pelo pesquisador Miguel Ângelo Marini, fez projeções de onde estarão 26 espécies de aves do Cerrado em 2030, 2065 e 2099. Segundo os resultados, a maior parte dessas aves deve se deslocar, em média, 200 quilômetros para sudeste - que é a região mais urbanizada do país. No estado de São Paulo, estima-se que reste menos de 1% do Cerrado original. "Não adianta só o clima estar bom para as aves se a vegetação do Cerrado demorar para chegar", diz Marini, que estima uma diminuição nas áreas ocupadas por todas as espécies estudadas, o que poderá tornar ainda mais raras as aves que já têm distribuição restrita. Uma outra pesquisadora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Marinez Siqueira, diz que "as áreas de Cerrado que já existem no leste do estado passam a ter uma importância maior". É o caso dos encraves de Cerrado do Vale do Paraíba, na porção norte do estado de São Paulo, entre as Serras do Mar e da Mantiqueira, uma região muito alterada pela atividade humana e onde restam poucos fragmentos de vegetação natural. Mesmo assim, Marinez acredita que valha a pena estabelecer áreas de preservação por ali.
Sendo assim, que venha o tachã, porque a anhuma já chegou!
Beatriz
Fonte: Revista Fapesp n. 164/Outubro 2009
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
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