quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Anambezinho

Por diversos motivos demoramos um longo tempo para postar nesse blog tão querido, mas tivemos um achado triunfante que merece ser compartilhado.





Anambezinho com seu filhote. Foto: Beatriz Lopes


No final de semana do dia 05/11/11, estávamos no Centro Cambucá de Observação de Aves em Ubatuba e encontramos um ninho de Iodopleura pipra, o anambezinho.


Nos observando afastado do ninho. Foto: Beatriz Lopes


Aliás, o primeiro registro de um ninho de anambezinho foi em Ubatuba, feito pelo pesquisador Edwin Willis em 1988.


Depois de um tempinho voltou para alimentar o filhote. Foto: Beatriz Lopes


Essa ave é endêmica de Mata Atlântica (ou seja, só ocorre aqui!) e é categorizada na lista de espécies ameaçadas do estado de São Paulo (Decreto 56031, 2010) como "em perigo" (EN) e como "quase ameaçada" (NT) pela IUCN.




Oops! Acho que ele vomitou! Ou biologicamente falando, regurgitou.
Foto: Beatriz Lopes


Iodopelura pipra pertence hoje à família Tityridae, mas pertencia à família Cotingidae.






O filhote já faz pose para os birders enlouquecidos mostrando que já está quase pronto para voar. Foto: Beatriz Lopes




Tufinhos em pé, esse é mesmo um Purpletuft! Foto: Beatriz Lopes


Todo mundo quer ver a Iodopleura!



Companhia maravilhosa de Carlos Rizzo, equipe de Mogi das Cruzes, Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela e SP.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Mãe-da-lua

Alguns já conhecem essa história. Particularmente, acho um tanto triste, mas muito interessante. Uma história de amor! Uma readaptação.
" Era uma vez uma moça muito feia, chamada Griselda. Como toda garota, Griselda sonhava encontrar um amor com quem se casaria e teria filhos. Porém, com aqueles olhos vesgos e esbugalhados, aquele nariz enorme e a triste magreza, afastava todos os rapazes de seu caminho.
Contudo, o que Griselda tinha de feiúra, tinha igualmente de bondade. Era uma criatura doce, gentil e afetuosa. Sua voz era suave, e falava de amor.
Certa noite de lua cheia, voltando do trabalho no campo, Griselda ouviu a voz sedutora de um rapaz que estava perdido no breu da estrada, por conta das muitas nuvens que encobriam o luar.
Como tinha um coração de infinita bondade, Griselda foi ajudar o rapaz a encontrar seu caminho. A moça foi tão gentil e delicada que o jovem se apaixonou. De mãos dadas, naquelas estradas escuras fizeram juras de amor e resolveram que se casariam. Estavam completamente apaixonados, mas o rapaz só lhe tinha visto o semblante, que parecia belo.
Quando as nuvens deram passagem aos raios do luar, a estrada se iluminou e o jovem se deparou com uma figura tão feia que se arrependeu do pedido de casamento. Assustado, pediu para que Griselda ficasse por lá o esperando e que ele já voltaria. O escapado noivo virou as costas e seguiu para bem longe.
Griselda, iluminada pela imensa lua, ficou no meio do sertão esperando pelo amado que não voltava, e começou a chorar. Foi então que uma feiticeira surgiu na estrada e perguntou o que tinha acontecido à jovem. Griselda contou tudo para e feiticeira e perguntou se ela não tinha visto seu noivo. A feiticeira riu: - “Esse moço fugiu da sua feiúra! Ele não vai voltar mais!”.
A moça desesperada chorava mais e mais e disse à feiticeira que se tivesse asas voaria em busca do seu amado. O sofrimento de Griselda fez a feiticeira querer ajudá-la e, então, a velha colocou a mão sobre a cabeça da moça e transformou-a em uma ave para que pudesse voar pela noite. E assim, como ave, Griselda voou a noite toda em busca de sua paixão.
Com os olhos acostumados com a escuridão, Griselda escondeu-se em um oco de árvore aos primeiros raios de sol, pois não conseguia enxergar. Todas as noites a ave voava na tentativa de encontrá-lo.
Essa ave (Nyctibius griseus) é chamada de urutau, ou mãe-da-lua, que dorme durante o dia e caça e se reproduz durante a noite. Quando é lua cheia, o urutau canta uma melodia triste, o lamento de uma moça sem seu amor, que repete: “Foi... foi... foi...”.
Texto: Beatriz Lopes

quarta-feira, 2 de março de 2011

Um Tempinho Sobrando Sobra Click


Neste final de semana (27/02/11), tive que ir para São Jose dos Campos, minha namorada teria que fazer uma prova em um concurso da Petrobras, sabe como é... horas de bobeira tendo que esperar minha digníssima concluir a prova.



Lógico que não!!!



Aproveitei a oportunidade para conhecer um lugar que vejo render ótimas fotos no Wikiaves, conhecido como Parque da Cidade, um lugar muito bonito, só para terem uma noção, o paisagismo tem a assinatura de Roberto Burle Marx, não precisa falar mais nada.



Não tive muito tempo para explorar toda área, passei apenas cerca de duas áreas no local, mas com certeza fiquei muito empolgado em voltar neste lugar, gostei de ver outras pessoas fotografando o lugar, um bom local para encontrar pessoas que gostam de fotos.



Bom, fica ai esta dica, quem for para São Jose e tiver a oportunidade de conhecer este lugar... (Melhor do que ficar moscando no Shopping).




Foto registrada no Parque da Cidade de São Jose dos Campos.

Foto e texto: Marcio Toledo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Trilha de Observação de Aves do Cambucá

Não é a primeira vez que falo bem de Ubatuba. Sou realmente fã do município, pela beleza e facilidade de se observar aves por lá, e do meu amigo Carlos Rizzo.


No começo deste mês estivemos em Ubatuba e aproveitamos para conhecer a nova trilha de observação de aves do núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar, que fica no bairro do Cambucá.



Entrada sinalizada da Base Cambucá do Parque Estadual da Serra do Mar/Núcleo Picinguaba. Foto: Beatriz Lopes


A trilha está inserida em um conjunto de paisagens que proporcionam um ambiente fantástico para avistagem de diversos tipos de aves.


Vista da trilha do Cambucá. Foto: Beatriz Lopes


Fomos acompanhados pelos guias Josias, Thiago e Marquinhos, e também pelo querido Carlos que está treinando os meninos para a temporada de aves.


Meu pedido de ver o japacanim (Donacobius atricapilla) foi prontamente atendido!


Donacobius atricapilla Foto: Beatriz Lopes


O curto período da manhã ainda rendeu várias outras avistagens: vimos o bigodinho (Sporophila lineola), a borralhara (Mackenziaena severa), o dituí maluco pelo playback (Drymophila ferruginea), e ainda pudemos ouvir um canto diferente do sanhaçu-de-encontro-azul (Thraupis cyanoptera).

Drymophila ferruginea Foto: Beatriz Lopes


Mackenzianea severa Foto: Beatriz Lopes

A trilha ainda não está aberta ao público, mas estará em breve. Quem quiser conhecer deve entrar em contato com a Secretaria do Meio Ambiente de Ubatuba, que é parceira do PESM Picinguaba.
Vale a pena!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A Festa no Céu

As aves sempre foram usadas como personagens de lendas por serem observadas em todos os lugares do planeta, e também por encantarem as pessoas com suas cores e acrobacias aéreas.

No Natal fui visitar minha família no interior. Passarinhei um pouco por lá, como de costume, mas a foto mais legal dos bicho do sítio neste Natal foi de um sapo-cururu (Rhinella icterica) que tinha caído na piscina quase vazia da minha avó. Depois do resgate, conseguimos uns belos registros do bichinho, mostrando todas as verruguinhas nas costas dele, o que me fez lembrar do conto de Luís da Câmara Cascudo, "A Festa no Céu", alguém se lembra?
Diz a história que entre os bicho da floresta espalhou-se a notícia que haveria uma grande festa no céu. Dado o lugar do evento, apenas as aves seriam convidadas e, com isso, ficaram tão animadas que não falavam de outra coisa, causando inveja aos outros bichos.

Um sapo espertalhão que queria muito participar da festa no céu começou a dizer para todos que também tinha sido convidado, o que causou riso nos outros animais. "Imaginem só o sapo pesadão, não consegue nem correr, que dirá voar até o céu!". E por muitos dias o sapo foi motivo de gozação na floresta.

Depois de muito pensar, o sapo formulou um plano. Horas antes da festa procurou o urubu. Conversaram muito e se divertiram com as piadas do sapo. Já quase de noite o sapo se despediu do amigo, porém, pulou a janela da casa do urubu, e escondeu-se dentro da viola dele.


Urubus (Coragyps atratus) conversando sobre o sapo. Foto: Beatriz Lopes

Chegada a hora da festa, o urubu pegou sua viola, amarrou-a em seu pescoço e vôou em direção ao céu. No salão, o sapo espiou da viola um momento em que ninguém o visse saindo e deu um pulo para fora. As aves não acreditavam em ver o sapo no céu, e ele dançou a noite toda! No final da festa, o sapinho deu um jeito de voltar para a viola do urubu e lá adormeceu.

Sapo-cururu (Rhinella icterica) Foto: Dante Costalonga

Já era de manhã quando o urubu voava de volta para a floresta, e percebeu que sua viola estava pesada e que tinha alguma coisa rolando de um lado para o outro dentro dela. Espiou dentro do instrumento e viu e viu o sapo todo folgado dormindo. O urubu ficou tão bravo que virou a viola e fez o sapo cair em cima das pedras do leito de um rio. Felizmente o sapo não morreu, mas nas suas costas ficaram as marcas daquela queda, do dia da festa no céu!