quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A Beleza das Aves em seu Cotidiano


As aves das cidades do Litoral Norte Paulista são abundantes e de grande diversidade. Até mesmo em centros urbanos podemos frequentemente flagrar as mais belas e coloridas aves em diversas situações: entoando maravilhosos cantos, espreitando uma oportunidade de se alimentar, voando com graça ou cuidando de sua prole.

A proximidade das áreas urbanizadas de nossas cidades com Parque Estadual da Serra do Mar é responsável por tais flagrantes, já que as áreas protegidas correspondem a cerca de 80% de todo território, destacando-nos como as cidades de maior ocorrência de espécies do mundo.

No entanto, o cotidiano da vida moderna mantém as pessoas em função de suas atribuições, dos deveres sociais do dia a dia, restringindo-as apenas em seus compromissos. Dessa forma, muitas vezes deixamos de contemplar momentos ímpares, que são privilégios dos que vivem em terras como as nossas: poder presenciar a beleza das aves em seu cotidiano.

Vivendo no litoral não é raro deparar-se com oportunidades belíssimas de se deslumbrar com cenários naturais. No entanto, em diversas circunstâncias, percebemos somos os únicos que nos extasiamos com a paisagem em meio às pessoas, seja com a lua aparecendo no céu, um pássaro colorido pousado em uma árvore ou um tom de mar azul.
Assim é o cotidiano, parece cauterizar os sentimentos. Nas grandes metrópoles ou aqui as muitas preocupações sempre nos afligem, e saber parar é uma dádiva dos sábios, não perder a sensibilidade é o maior segredo. Poder contemplar uma revoada de dezenas de garças e biguás em um fim de tarde - dentro de uma área densamente urbanizada - é uma peculiaridade caiçara!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

I Curso de Fotografia de Aves - 10 a 12 de outubro


Ubatuba, 250km de São Paulo, 80 praias, 90% de Mata Atlântica preservada, mais de 500 espécies de aves catalogadas – uma das maiores diversidades do mundo. Itamambuca Eco Resort: paraíso distante a 13km ao norte de Ubatuba, em frente a praia de areias brancas e mar azul, cercada por costões rochosos e Mata Atlântica . Santuário onde mais de 200 espécies já foram registradas, Muitas delas, de fácil avistamento, a um simples passeio pelos 100 mil m² de natureza preservada do Itamambuca Eco Resort. Hotel que tem a honra e o prazer de oferecer uma oportunidade única: o primeiro curso de fotografia de aves com o premiadíssimo Professor e fotografo de aves João Quental. Você não pode perder!

João Quental

Premiado no Concurso Avistar 2009, João Guilherme Quental é um dos maiores expoentes da nova geração de fotógrafos de aves brasileiras. Dono de uma capacidade de comunicação, aborda diferentes aspectos desse fascinante segmento da fotografia. Professor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, suas fotos de mais de 670 espécies de aves brasileiras fazem parte de diversas publicações nacionais e internacionais.

Programação

10/10 – Sábado
7h: Saída de Campo para fotografar.
11h: Técnicas de abordagem. Acertos e erros na regulagens do equipamento: abertura,velocidade, ISSO, balanço de branco, fotometria, tipos de focagem, formatos e qualidade do arquivo.
14h30: Saída de campo para fotografar.
18h: Analise de casos.

11/10 – Domingo

8h: Saída de campo para fotografar. Local externo conforme condições disponíveis.
14h30: Saída de campo para fotografar.
18h: Questões digitais: armazenamento, tratamento, formatos de arquivo, programas utilizados, formas de impressão e saída de material.

12/10 – Segunda

Dia livre, sugestões: fotografia de aves navegando pelo Rio Itamambuca ou participar do safári fotográfico “A Captura da Calyptura” atrás das 50 aves mais raras do mundo.


Investimento

R$ 200,00 – Parte teórica e saídas de campo na reserva ecológica do Itamambuca Eco Resort.
Contato
Esclareça suas duvidas direto com Professor Quental:
jquental@centroin.com.br / jquental.multply.com

Inscrições

Pelo telefone (12) 3834-3000 ou e-mail info@itamambuca.com.br
www.itamambuca.com.br

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

As Aves do Caiçara


O sol clareando um dia em um canto de praia, casa modesta que desperta deixando um cheiro de café no ar. Do lar, sai assobiando uma música já desconhecida pelo rádio, chinelos havaianas, calça rota, agasalho velho desbotado e um boné de propaganda amassado na cabeça. No terreiro o galo cantando e acordando as galinhas, o pato, o ganso, o peru e o marreco.

Um passo na frente do outro, segue com um remo apoiado nos ombros. Este canto de mundo é todo o seu mundo. Seu e da araponga, do papagaio, do coleirinha, do tié, do bonito lindo, da saíra, do sanhaço, do sabiá, da andorinha, do bem-te-vi, do tico-tico, da curruíra, do pica-pau, da saracura, do beija-flor, do surucuá e todos os outros que com seu canto enchem de alvoroço a copa das árvores.

Na praia o sol a pino dissolve a névoa da manhã que disfarça o contorno da Serra do Mar e evidencia o rosto marcado pelo vento, sol, sal e tempo. Remando a canoa visita a sua rede e, com as mãos calejadas retira os peixes emalhados. Os bicos da fragata, do trinta-réis, da gaivota, do atobá e do biguá sempre encontram os miúdos jogados ao mar.

Acompanhando as marolas e a remada de volta às areias, as garças sabidas se amontoam no canto da praia para dançar, enquanto esperam os peixes serem limpos e receberem sua parcela.

Lugares assim são poucos e cada vez mais raros, quase um folclore. Com esta cena em mente, recordo-me das palavras registradas no livro: A Ferro e Fogo – A História e a Devastação da Mata Atlântica Brasileira - onde o autor relata as palavras do maior madeireiro do Brasil na década de 70, em que o Sr. Rainol Grecco indaga: “Você já pensou nas suas consequências? A consequência é o lucro!”

Impressionante como as palavras ditas há tanto tempo continuam tão atuais! Deixo aqui o alerta para refletirmos sobre o que mudou, o que ainda vai mudar nas terras tupiniquins e o que faremos para conseguirmos a sustentabilidade que atualmente ouvimos falar.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

IV FESTIVAL DE OBSERVAÇÃO DE AVES DE UBATUBA 2009



De 03 de Outubro a 03 de Novembro

PROGRAMAÇÃO

03 de Outubro – Sábado
· 08 horas - lançamento “live bird cam” Observação on-line das aves do Itamambuca Eco-resort
· 10 horas - Inauguração do Ubatuba Birdwatchig Centre - local Rancho do pica pau (Casanga)
· 16 horas - Abertura da exposição de trabalhos dos fotógrafos, artistas e artesãos da cidade
· Local: Ubatuba Palace Hotel.

04 de Outubro – Domingo
· 14 horas - Exposição de Desenhos “Meus primeiros pássaros”
Apresentação teatral das crianças do Namaskar
Apresentação de dança do ventre
· Local: Ubatuba Palace Hotel.

05 de Outubro – Segunda
· 19 horas - Noite de autógrafos do lançamento do livro “O encanto das aves” local Livraria Cultura- Shopping Villa-Lobos - São Paulo.

07 de Outubro – Terça
· 10 horas - início da exposição itinerante das fotos vencedoras do Avistar/Itaú BBA. Local - calçadão da Maria Alves

08 de Outubro – Quinta
· 11 horas - exposição itinerante das fotos vencedoras do Avistar/Itaú BBA. Local - Shopping Porto Itaguá
· 19 horas - Noite de autógrafos do lançamento do livro “O encanto das aves” local Anchieta Café.

10 de Outubro – Sábado
· Curso de fotografia - J.Quental

11 de Outubro – Domingo
· Curso de fotografia - J.Quental
· Roteiro das aves de Ubatuba - conhecendo as melhores trilhas da cidade

12 de Outubro – Segunda
· Safári fotográfico “A captura da Calyptura”
· Roteiro das aves de Ubatuba - conhecendo as melhores trilhas da cidade

22 de Outubro – Quinta
· Ciclo de palestras

23 de Outubro – Sexta
· Ciclo de palestras

24 de Outubro – Sábado
· Ciclo de palestras
· Curso Filmagem de aves - Luciano Breves
· Curso de observação e identificação de aves CEO/USP
· Saída “a captura da Calyptura”

25 de Outubro – Domingo
· Curso de observação e identificação de aves CEO/USP (prática)
· Saída on-line com Luciano Breves
· Curso de observação e identificação de aves CEO/USP
· Saída “a captura da Calyptura”

27 de Outubro – Terça
· Curso de observação e identificação de aves CEO/USP (prática)
· Saída on-line com Luciano Breves
· Curso de observação e identificação de aves CEO/USP
· Saída “a captura da Calyptura”

28 de Outubro – Quarta
· Desfile da cidade - carro alegórico escola Madre Glória

30 de Outubro – Sexta
· I Encontro nacional dos fotógrafos de aves - Wikiaves (de 30 de outubro a 02 de novembro)

31 de Outubro – Domingo
· Safári fotográfico “A captura da Calyptura”

01 de Novembro – Domingo
· Atividades Wiki Aves

02 de Novembro – Segunda
· Encerramento

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A Emoção de Avistar o Primeiro Exemplar em São Sebastião



Em uma das primeiras saídas de campo no Sitio dos Jequitibás, no bairro de Boiçucanga, por volta das 11 horas da manha, quando a Equipe Birdwatching São Sebastião pensava no que ia almoçar e que não veria mais nada de novo para aquela saída, um canto tímido entre as copas das árvores, abafado pelo barulho da cachoeira que estava alguns metros do local, fez despertar uma curiosidade peculiar.


Como de praxe, todos apontando suas lentes em direção deste discreto canto, procurando um “emplumadinho” em meio à vegetação. Naquele momento um pensamento único: Que pássaro que é este?


Os observadores fazem um silêncio absoluto quando têm seu senso investigatório aguçado! Às vezes tenho a impressão de que nem ao menos respiram, apenas afloram seus sentidos para detectar o mais sutil barulho ou o menor movimento na paisagem, como que se o tempo neste momento não tivesse o menor sentido, onde segundos pareçam ser eternos.

E assim foi avistado e fotografado o primeiro exemplar de choquinha-de-peito-pintado (Dysithamnus stictothorax) no município de São Sebastião, ave tão pequena e rápida, se movendo a todo instante entre as folhas das copas das árvores, em um ritmo frenético em busca de insetos em meio às folhas.


São estes momentos repletos de sentimentos que motivam a acordar cedo numa manha de domingo para observar aves.


Marcio Toledo

Primeiro Registro de Gavião-Pombo-Pequeno em São Sebastião



A equipe Birdwatching São Sebastião, formada no inicio deste ano e com apoio da UbatubaBirds, vem sistematicamente realizando levantamentos da avifauna sebastianense , com esta atividade foi possível elaborar o primeiro checkilist do município de São Sebastião.

Até o presente momento foi inventariado à diversidade de 256 espécies, isto sinaliza uma grande riqueza de aves, colocando o bioma de Mata Atlântica em evidencia no cenário internacional no seguimento turístico em observação de aves.

Em uma das saídas de campo, foi registrado e fotografado um exemplar endêmico de gavião-pombo-pequeno (Leucopternis lacernulatus), animal este que consta na “Lista Vermelha” do IBAMA, onde encontra-se com status de animal vulnerável a extinção ou seja, a população desta espécie estima-se que tenha declinado a menos de 50% nos últimos dez anos, chegando a margem preocupante em menos de 10.000 exemplares adultos em seu habitat natural.

Desta forma o gavião-pombo-pequeno é um dos bioindicadores que nos serve para ilustrar a fragilidade do maior corredor biológico de Mata Atlântica, também evidência a importância de programas de atividades sustentáveis nos remanescentes florestais do Litoral Norte do Estado de São Paulo.

Levando em consideração estas informações, os observadores de aves da região, hoje encontram-se com um enorme desafio pela frente, elaborar e implantar um Circuito de Observação de Aves do Litoral Norte do Estado de São Paulo, com potencial de ser a região com a maior diversidade de aves do mundo, preservando e trazendo conhecimento a população através de uma atividade turística sustentável.
Marcio Toledo

Padre José Anchieta e os Ornitólogos Modernos


Beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania glaucopis)


Em uma rotineira saída de campo para observação de aves, após ter visto algumas dezenas de aves, me recordei de um m Thalurania glaucopianuscrito datado em 1560, conhecido como Carta de São Vicente, escrita pelo Padre José de Anchieta. Este documento foi uns dos primeiros relatos da biodiversidade da Mata Atlântica.

O padre ao descrever sua impressão quanto às aves do Brasil, relata: “Em verdade, não é fácil dizer quanta diversidade há de aves ornadas de várias cores”.

Realmente, mesmo os ornitólogos experientes se deparam com o mesmo dilema de Anchieta! Como retratar tanta beleza de cores apenas com palavras?

Para sorte dos ornitólogos modernos, podemos contar com diversos equipamentos, tanto para gravação da vocalização de seus cantos como para o registro fotográfico de toda sorte de aves existente.

Ainda na mesma carta, dentre as muitas espécies citadas, Anchieta faz uma menção aos nossos beija-flores: “Há ainda outros passarinhos, chamados guainumbi, os mais pequenos de todos; alimentam-se só de orvalho; desses há vários gêneros, dos quais um, afirmam todos, que se gera de borboleta”.

Não nos admira este relato, onde os povos indígenas acreditavam que uma espécie de beija-flor tenha se originado de uma espécie de borboleta, ainda mais quando os observamos em meio às flores, alimentando-se de néctar.

Marcio Toledo